BONDAGE


por: Lena Lopez

Infelizmente na internet, encontramos muito pouca coisa, que realmente fale filosoficamente sobre o bondage, muito maior é a quantidade de páginas que se dedicam à divulgação da prática em si. Para falar sobre o Bondage, é necessário submergir na área do fetiche, pois ele é muito mais do que apenas uma prática exclusiva do BDSM e sim um fetiche de uma grande parcela da população em geral.

FETICHE: 

Uma expressão oriunda do  francês fétiche, que foi tomada emprestada pela lingua francesa da palavra portuguesa feitiço, originada do latim facticius (artificial, fictício), é um objeto qualquer que a ele se atribui poderes mágicos, sobrenaturais, encantadores e delumbrantes. O conceito foi usado inicialmente pelos portugueses, à época dos descobrimentos,  para definir os objetos utilizados em cultos religiosos nas suas colonias africanas . A partir de Portugal o termo tornou-se conhecido na Europa e na França foi-lhe atribuido o caráter sexual, definindo com tal, as práticas e objetos capazes de desenvolver no ser humano o despertamento da líbido. O bondage é uma variante ou parte específica dos fetiches.

BONDAGE:

Etimologicamente, é um substantivo neutro e significa escravidão, servidão, dependência, sujeição, cativeiro.
É um tipo de fetiche, relacionado ao sadomasoquismo e uma busca na obtenção do prazer através da imobilização de uma ou mais pessoas, utilizando-se instrumentos de retenção, como cordas, algemas, correntes e outros, onde uma parte sente prazer ao imobilizar e a outra ao ser imobilizada. Pode ela envolver, ou não, a prática de sexo com penetração e a sensação de dor à parte imobilizada.
Atualmente, a prática vem tomando popularidade, casais incorporaram elementos de retenção em suas vidas sexuais. Jogos de retenção, se traduzem em preliminares satisfatórias, apimentam a relação e trazem ingredientes diversos, uma vez que podem ser adotados o uso de vendas e mordaças, junto a masturbação, sexo oral ou convencional mutuamente, mas implica um nível de grande confiança, cumplicidade e intimidade entre eles. As regras de segurança seguidas pelo envolvidos são baseadas na confiança como um parceiro deposita no outro, ao ser amarrado, ou ainda, vendado e amordaçado. O sexo acontece com o pré-consentimento concedido deste parceiro e pode assumir formato de jogo sexual e realização das mais diversas fantasias.

Há pessoas que consideram a escravidão ou servidão, neste caso o Bondage, eroticamente estimulante e sexualmente excitante.
O Bondage é bem diversificado e poderíamos dizer elasticamente fetichista, uma vez que possibilita a construção de cenas extremamente plásticas em beleza e erotismo, pode se utilizar vestimentas específicas, jogar com cores e formas, iconizar a relação com dominação e submissão, passividade, inocência, violência,   sendo elas, por exemplo, do meio urbano, rural, estudantil, religioso, feudal, moderno, vitoriano, prisional, etc, criando-se o clima desejado para o momento, cenas nas quais um assume o papel dominante e o outro o dominado.
Existem exemplos nas artes, no cinema, na literatura e na cultura em geral,  como exemplo na pintura, Rembrandt (1630), Chassériau Théodore (1840), Edward Poynter (1869) e Gustave Doré (1869).
O poema épico Angelica do século XV de Orlando Innamorato, é outro exemplo e em si é semelhante a saga mitológica de Andromeda, a heroína oferecida como um sacrifício para os deuses do mar, retratando a donzela em perigo.
O Bondage é representado na arte em um número infindável de vezes e algumas vezes em grande estilo BDSM, John Willie, criador da revista Bizarre Magazine, incluiu desenhos e fotografias profissionais em suas obras, utilizando modelos femininos em cenas de bondage ou sado-masoquista. Gwendoline Doce foi a sua principal personagem feminina nas suas obras publicadas em grande parte na década de 1950 e 60, possivelmente o ícone mais famoso, a donzela loira e ingênua em apuros.
Na década de 70, o Bondage recebeu um breve impulso na mídia com o livro de Alex Comfort, The Joy of Sex, um manual de sexo ilustrado. Outra publicação que contribuiu para a popularização do Bondage, foi  o livro de Madonna, Sex, que incluiu fotografias de nus encadernados, na qual a autora fez grande esforço para melhorar a consciência pública sobre a aceitação da escravidão.
No cinema encontramos o Bondage em cenas de alguns filmes, de forma mais sutil como A Bela da Tarde, e Nove Semanas e Meia de Amor, de forma mais drástica, Vivendo no Cativeiro, Encaixotando Helena e outros.
Na década de 1990, há referências à escravidão ebondage nas séries de televisão, como Buffy, quando algemas, colares e palavra de segurança foram incluídas como questão de disciplina.
A Reivindicação de Bela Adormecida, uma trilogia erótica publicado na década de 1980 por Anne Rice, continha cenários bondage, como parte de uma ampla atividade de práticas do BDSM.
Outros exemplos são, A História de "O" de Pauline Réage,  livros de Frank E. Campbell e  Robert Bishop.
O Bondage por ser amplo é  tem apelo sexual para pessoas de ambos os sexos e de todas as orientações sexuais, em qualquer uma das variantes existem os dominantes e os submissos. Permite também, o auto-cativeiro, bem mais complexo, mas requer o suo de técnicas especiais para aplicar o cativeiro a si mesmo e para efetuar a libertação. A auto-escravidão. sumamente arriscada, especialmente porque viola um dos princípios importantes de segurança, deixar uma pessoa sob retenção sozinha, nos casos de crises, sufocamento, enforcamento, doenças cardiovasculares ou situação de emergência, a auto-escravidão pode se tornar letal, um exemplo recente, foi o ator David Carradine, achado morto num quarto de hotel tailandês, uma corda estava presa em torno do seu pescoço e uma outra em seu órgão sexual, as duas estavam ligadas uma à outra e penduradas no alto de um armário.

O BONDAGE NO BDSM

Para o BDSM, o bondage assume proporções bem maiores do que o simples apimentamento da relação e se torna por si, a fonte de prazer dos envolvidos. O prazer toma formas no ato da retenção, nos instrumentos usados, no jeito e no tem de imobilização, nas marcas proporcionada no corpo do imobilizados, muito mais do que na relação sexual possivelmente oriunda dele, sem necessidade de ser consumada e opção entre os envolvidos. Ainda é necessário observar as regras básicas do "código" SSC, ou, Sadio, Seguro e Consensual, como forma de prevenção, segurança física e psicológica e a fim de evitar abusos.
Por isso, o bondage requer a adoção de regras:
- Faz-se uso da "palavra de segurança", conhecida também por "safeword", ou alguma forma clara para indicar problemas reais, desistência, o limite alcançado pela parte imobilizada.
- Nunca deixar uma pessoa imobilizada sozinha.
- Evitar posições de retenções e imobilizações que possam induzir a asfixia.
- Proceder a mudança de posições das imobilizações, para evitar problemas de circulação sanguínea.
- Estar seguro que a liberação será rápida em caso de emergência.
- Evitar amarrações que prejudicam a respiração.
- Evitar o bloqueio com liberação difícil da boca e do nariz, devido aos riscos por asfixia em caso vômitos.
 - A sobriedade é imprescindível, o uso de alcool e drogas deve ser evitado, melhor se abolido.
- A consciência do imobilizado deve ser preservada,
- Observar o corpo do imobilizado, atentando-se para a cor, inchaços, friezas e dormências, isso sinaliza o  mau desempenho de nervos e circulação sanguínea e oxigenação dos músculos e pele. Detendo-se principalmente as extremidades.
- Se a cena inclui o amordaçamento e a impossibilidade da fala, deve ser combinado uma forma não verbal de comunicação.
- O imobilizado pode querer ultrapassar o seu limite e não fazer uso da palavra ou sinal de segurança, tonturas, desmaios e situações similares deve indicar o fim da encenação.
- Instrumentos para a liberação rápida debem estar disponíveis, exemplo, as  tesouras EMT. Se cadeados e correntes, as chaves devem estar ao alcance mínimo do imobilizador.
 Fotograficamente e visualmente, as cenas retratadas em imagens e vídeos são escolhidas pelo apelo visual, muitas vezes essas posições são perigosas e não podem ser prolongadas por mais do que alguns minutos, muitas vezes, não podem ser construídas sem preparo necessário, como apoios escondidos das lentes, ou seja, não tente faze-las em casa. Suspensão pelos punhos e tornozelos podem causar lesões sérias, em alguns casos podem ser encenados com razoáveis resultados, mas é necessário uma boa forma física e experiencia.
A variedade de instrumentos para imobilizações é enorme, os mais comuns são cordas, fios e correntes, mas há quem use filmes de pvc, papel, fitas de tecidos, fitas adesivas, tiras de tecidos, etc, é uma questão de fantasia, de momento e de escolha, a imobilização pode ir de um simples nó nos punhos ou amarrá-los à guarda da cama, ao um meio mais complexo de mumificação. Depende do desejo dos envolvidos!
Este é o terceiro artigo que escrevo sobre o BDSM e o bondage envolve outro estilos, os orientais, na minha opinião, os mais belos, tal é a beleza e plástica do conjunto de nós e cordas e farei um artigo específico sobre eles, o Shibari, o Kinbaku ou Sokubaku.

Fonte: www.pensamentoindecente.com